domingo, 26 de setembro de 2010

O que você faria se soubesse só ter mais um dia?

O que você faria se soubesse só ter mais um dia?
Acordei assim. Apesar do céu azul, o dia tinha uma coloração sépia, destoada.
A sensação era de que morreria logo, de que não haveria mais tempo. E isso doeu. Senti medo. Simplesmente porque vivemos como se nada fosse acabar. Como se tudo fosse eterno. Mas nao, não é assim.
Então, passei a vagar pela minha mente. Se houvesse pouco tempo, o que seria necessário e proveitoso fazer? O que seria digno para gastar o tempo que restasse? Pensei então nos meus pais. Lembrei da segurança dos braços do meu pai e do colo confortável e acolhedor da minha mãe. Pensei na imensidão do amor que sinto por eles e no quanto eu queria te-lôs por perto. Lembrei dos olhos infantis do meu irmão e do seu sorriso suave. A primeira lágrima rolou. Aos poucos fui relembrando as cenas de um passado tão remoto. Cenas tão habituais, tão rotineiras, mas de significado inexplicável. Como imaginar viver longe do motivo do meu viver? Como imaginar a dor que causaria?
Começei a passear pelos rostos das pessoas que amo. Algumas tão perto, outras tão distantes. Como eu poderia ir sem deixar meu adeus? Como eu poderia demonstrar o tamanho amor que sinto por elas? Então passei a recordar dos momentos desagradáveis...das brigas, das discussões, das mentiras. Tanto tempo perdido com coisas tão fúteis.
O medo e a dor iam apertando o meu coração. Não estava pronta pra ir embora.
Mas, se não houvesse muitos amanhãs, o que fazer? Como agir? Como viver cada momento como se fosse o último? Como aproveitar cada instante?
Pensei nos planos futuros e na ingenuidade de se planejar tantas coisas sobre um solo tão incerto, que é o nosso futuro. Mas de fato, o que mais doía não é o fato de nao realizar o que sonhei, mas de deixar as pessoas que amo.
Como dizer adeus a quem você não pode imaginar viver sem? Como imaginar que tudo estava acabando? Aos poucos se esgotando?
Perdoaria a quem me fez mal? Doaria meus bens aos pobres? Pediria perdão pelos meus pecados? Viajaria para longe? Olharia fotografias? Ligaria para os velhos amigos que não vejo há tempo? Deixaria para trás velhos vícios? Assistiria um bom filme? Comeria o que mais gosta? Me apaixonaria?
Então adormeci. É assim que as crianças fazem quando estão com medo: adormecem.

Cada segundo conta. Por que não há segunda chance.
Cada dia é um presente e não um direito adquirido.
E se hoje fosse seu último dia
e amanha fosse tarde demais?

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